INFORME DE UNIDADE
Fusão das organizações Caminhos do Comum e Iniciativa Comunista Brasileira
É necessário mostrar aos trabalhadores que os grandes problemas que afetam a vida do nosso povo só poderão ser solucionados com a liquidação do poder dos monopólios nacionais e estrangeiros e do latifúndio, e que isso só será conseguido com a formação de um bloco de forças antimonopolistas, antiimperialistas e antilatifundiárias, capaz de assumir o poder e de dar início a essas transformações. Poder que, pelo seu próprio caráter, significará um passo decisivo rumo ao socialismo.
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E o dever dos comunistas é dirigir essas lutas dos trabalhadores, contribuindo para sua unidade, organização e conscientização, mostrando-lhes que é necessário caminhar para o socialismo, única forma de assegurar sua real emancipação.
Luiz Carlos Prestes
Carta Aos Comunistas – 1980
Ao longo dos últimos meses, após decisão democrática da militância das duas organizações, Caminhos do Comum e Iniciativa Comunista Brasileira realizaram um intenso e fecundo debate sobre o caráter do capitalismo, o desenvolvimento do imperialismo e sua crescente agressividade, a conjuntura internacional, a formação social brasileira, as vicissitudes da luta de classes no Brasil ao longo das últimas décadas, as necessidades organizativas para a superação dos desafios deste tempo histórico, e resolveram fundir as duas organizações. Desde o último dia 28 de julho, Caminhos do Comum e Iniciativa Comunista Brasileira passaram a compor a Unidade Comunista Brasileira – UCB, uma organização de caráter partidário cujo objetivo é contribuir para a formação do partido necessário à revolução socialista no Brasil.
Entendemos que a solução duradoura para todos os principais problemas da classe trabalhadora e das massas oprimidas brasileiras depende da construção do socialismo em nosso país. Não se trata de mera opinião, e nem de ideologia desfalcada de objetividade material. Trata-se se perceber que o máximo que se poderia alcançar no interior da sociedade capitalista já foi alcançado, especialmente no período entre 1988 e 2016. A classe dominante brasileira, ao longo dos séculos, criou uma estrutura de dominação interna contra os pobres e de subordinação externa em favor do imperialismo que impede a democratização efetiva das relações econômicas, sociais e políticas no Brasil. As tentativas de democratizar a nossa sociedade, mesmo que tímidas, sempre acabaram em golpe de Estado contra o movimento reformista. Tanto é verdade que o período mais longo de democracia (ainda que formal e limitada) em nosso país foi o período que começou na década de 1980 e terminou com o golpe de 2016.
A superação das ilusões na democracia burguesa é um processo necessário para que se possa avançar na construção de uma sociedade verdadeiramente democrática no Brasil, o que só pode ser feito pelo movimento popular com base em um projeto oposto aos interesses dos monopólios, do latifúndio e do imperialismo, como bem ensina Luiz Carlos Prestes. O movimento popular brasileiro precisa enfrentar e derrotar o bloco de poder dominante formado pelos grandes monopólios empresariais, pelo latifúndio em todas as suas formas e pela associação destes ao imperialismo. Entendemos que o imperialismo é um sistema de dominação do capitalismo sobre todos os povos do mundo, e tem seu centro de poder político e militar nos Estados Unidos da América, assim como tem a participação e a cumplicidade das principais potências europeias e do Japão.
Acompanhamos as posições de soberania popular das revoluções bolivarianas na Venezuela, na Bolívia, na Nicarágua e em outros países do continente, e, sempre tendo como horizonte a enorme capacidade e grandeza da Revolução Cubana, seguimos afirmando que o Brasil precisa unir o seu povo para, guardadas as peculiaridades, seguir este mesmo horizonte. Não é questão de copiar modelo (o que seria impossível visto que temos uma formação social diferente), e sim de saber que a referência não pode ser o imperialismo dos Estados Unidos, porque querem apenas usurpar nossas riquezas e explorar nosso trabalho. A solução para os problemas do povo brasileiro passa pela realização de uma revolução popular, coordenada pelos diversos setores das classes trabalhadoras e das massas oprimidas, com base em um programa de transformações sociais profundas que derrotem o bloco de poder dominante e construam um Estado da maioria. Só é possível fazer isso se forem superadas as ilusões com a democracia burguesa, e tendo o socialismo como referência.
A Unidade Comunista Brasileira – UCB participa de todas as lutas populares em defesa dos direitos e garantias sociais, das empresas e do patrimônio públicos, das liberdades individuais e coletivas, dos recursos naturais, da biodiversidade, do meio ambiente e da soberania nacional. Na defesa destes direitos, estamos sempre prontos para ajudar a organizar e participar de todas as lutas com todos os aliados que tenham estes objetivos. Ao mesmo tempo, entendemos ser necessária a aglutinação dos setores consequentemente de esquerda, que se proponham a construir caminhos para a revolução socialista em nosso país.
Vimos com grande preocupação o crescimento da força da extrema direita em diversas partes do mundo, e aqui no Brasil participamos das lutas contra o golpe de 2016, estivemos em todas as batalhas sociais contra a regressão social do governo fantoche de Michel Temer, militamos contra a eleição de Jair Bolsonaro, e seguimos nas lutas pela superação deste dramático momento em que vive nosso país. Ao mesmo tempo em que não subestimamos a força e nem a perfídia do inimigo, temos claro que é possível lutar e vencer. Em todas as partes do mundo são eloquentes também os episódios de superação das forças populares, criando e recriando experiências de lutas e novos rebentos em termos de lideranças populares. Se a extrema direita tem avançado com força e velocidade, deixando transparecer sua sedução pelo fascismo, têm sido rápidas também as respostas dos povos em diversas partes do mundo. A Unidade Comunista Brasileira – UCB se coloca ao lado de todos os povos do mundo que lutam contra as agressões imperialistas e em favor da emancipação humana diante da exploração e da opressão.
Reorganizar as forças populares com base em um programa de reivindicações coletivas de emancipação social é um trabalho e um método que precisa ser colocado em prática, e nos esforçaremos para contribuir nesta construção. A partir das estruturas que temos em recursos materiais e em capacidade de militância, precisamos avançar para além dos espaços formais da classe trabalhadora e ir buscar interação e comprometimento com a maioria da classe, hoje desorganizada, precarizada e sem perspectivas. Sem abandonar nenhum dos espaços formais ocupados, e a partir da capacidade de operacionalização destes locais, precisamos dedicar esforços para ajudar os desempregados, os precários, as populações pobres do campo, os ambulantes, a população em situação de rua a se organizar, tanto para reivindicar condições dignas de trabalho e de vida quanto para participar da luta pela sociedade futura.
A Unidade Comunista Brasileira – UCB participa e ajuda a construir a Intersindical – Central da Classe Trabalhadora como ferramenta necessária à reorganização combativa e autônoma de todos os setores pertencentes ao mundo do trabalho. Junto e através da Intersindical, temos participado da Frente Povo Sem Medo nos espaços de organização mais ampla das lutas populares. Entendemos que é necessário ir aglutinando, pela base e tendo como referência um programa mínimo de emancipação popular, todos os setores que entrem em luta contra a exploração capitalista e a opressão, até que a força das lutas populares imponha a unificação de todos os setores combativos em uma única organização classista, sem ilusões com as “revoluções coloridas” (que são contra revoluções), nem com as pautas dos monopólios e do agronegócio.
A Unidade Comunista Brasileira – UCB constituirá duas organizações que atuarão como frentes de massa: a Unidade Popular e Sindical – UPS, para atuar nos setores relacionados ao mundo do trabalho, e a Juventude Comunista Brasileira – JuCo, para intervenção nos espaços de vida e de atuação juvenil. Estas organizações serão vinculadas do ponto de vista ideológico, político e programático à Unidade Comunista Brasileira – UCB, e terão autonomia de organização para a atuação tática cotidiana.
Como organização comunista de caráter partidário, a Unidade Comunista Brasileira – UCB absorve e incorpora para os tempos de hoje os princípios históricos do movimento comunista brasileiro e internacional, tanto na forma de organização quanto na dedicação incondicional à luta pelo socialismo. Estamos à disposição para dialogar com todas as organizações que partilham posições similares, com o objetivo de avançar no trabalho unitário que possa consolidar aproximações, assim como estamos à disposição para dedicar nosso modesto esforço em todas as batalhas em defesa dos direitos, da soberania nacional e da dignidade humana.
Em 28 de julho de 2019.
Unidade Comunista Brasileira – UCB
Direção Nacional