A direita não tem solução para enfrentar a crise! É hora de organizar as forças populares

“O que é certo é que precisamos dedicar todo o esforço, em argumentação, em conscientização, em trabalho e em luta popular para fortalecer o serviço público, especialmente no que tange ao SUS e aos demais serviços essenciais.”

A humanidade está sob a ameaça de uma enorme tragédia e no Brasil o atual governo é o mais inepto de toda a nossa história! Basta ver as atitudes do próprio presidente da República, que considera uma “histeria” as medidas de precaução das entidades nacionais e internacionais e, histericamente, vai abraçar manifestantes de extrema direita no gramado do palácio. Dois dias depois,  faz uma aula pública e ao vivo de como não se deve usar equipamentos de proteção, e mais dois dias depois diz que “uma gripezinha” não lhe vai derrubar, e mais dois dias depois faz decreto para dificultar que governadores e prefeitos adotem políticas para tentar conter a expansão da pandemia. E mais dois dias depois, tenta surrupiar os salários dos trabalhadores! Ainda ontem, Bolsonaro foi reafirmar sua postura irresponsável em cadeia nacional de televisão!

Então este é o quadro conjuntural! Nenhum país do mundo poderia ter maior castigo que a pandemia de uma doença sem vacina e sem cura garantida e ao mesmo tempo um governo tão nefasto quanto o desgoverno Bolsonaro e toda sua laia. Mas haveremos de vencer, porque o povo brasileiro é maior que as pragas que lhe atacam. Uma das grandes dúvidas que ronda a cabeça de maioria do povo brasileiro hoje, da militância social e de esquerda, dos intelectuais honestos, é saber se é melhor trocar de governo para organizar o país para enfrentar a pandemia, ou se é melhor ignorar o governo e tocar o trabalho que precisa ser feito. Talvez seja necessário fazer as duas coisas ao mesmo tempo, especialmente se o coronavírus se espalhar muito ainda e se o governo continuar trabalhando contra a sociedade. Tem setores da direita avaliando seriamente afastar Bolsonaro da presidência, e este é um quadro que pode avançar rapidamente.

O que é certo é que precisamos dedicar todo o esforço, em argumentação, em conscientização, em trabalho e em luta popular para fortalecer o serviço público, especialmente no que tange ao SUS e aos demais serviços essenciais. Apesar de todo o sucateamento e fragilização construída ao longo de décadas e sucessivos governos, a principal estrutura brasileira para enfrentar os efeitos imediatos da pandemia de coronavírus é o SUS, e são os servidores públicos que trabalham neste sistema. Logo, está correta a defesa da necessidade de mais recursos para o SUS, e também da necessidade de contratar mais servidores para trabalhar no sistema. É urgente fazer isso, também porque não se sabe qual será a duração e a amplitude da expansão do vírus no nosso país.

É preciso suspender pagamentos de juros da dívida pública! Estão corretas as centrais sindicais, bem como as demais organizações populares, quando defendem a garantia dos empregos e dos salários; a criação de programas de distribuição de recursos para os autônomos, desempregados e precários; o fornecimento de energia elétrica e água potável para as populações mais vulneráveis; o recebimento em abrigos públicos seguros da população em situação de rua. Para estas e outras medidas congêneres, é necessário que a união, os estados e os municípios parem de pagar os serviços e juros da dívida. Isso precisa ser feito imediatamente, porque a sociedade precisa reservar todos os recursos para salvar vidas e garantir a segurança e a dignidade das pessoas, de todas as pessoas, independente de classe social e de condição de vida. 

Estão corretas também as propostas de que os bancos públicos destinem as reservas públicas exclusivamente para a proteção da sociedade, especialmente para as grandes massas desprovidas de condições materiais. Além de proibir que os grandes empresários demitam os trabalhadores, é preciso criar condições para as pequenas empresas manterem as condições de retomar o trabalho depois da crise. Mas parece razoável perceber e colocar em conta que muitas empresas, especialmente as pequenas e ou as que já andem no limite, vão entrar em falência se a necessidade de isolamento social se esticar por mais algumas semanas.

É preciso que o Estado desaproprie os montantes em reserva, e assuma o controle das cadeias produtivas dos setores essenciais, incluindo a segurança alimentar do conjunto da população. Feito isso, os outros setores econômicos podem começar a ser liberados para funcionar, desde que cumpram todas as medidas de segurança dos trabalhadores e demais pessoas envolvidas. Em todas estas áreas, a começar pela área da saúde, é preciso diminuir a jornada de trabalho, sem redução de salários, e os auspícios da atividade profissional, pois é a melhor medida para impedir que trabalhadoras e trabalhadores dos serviços essenciais adoeçam, entrem em pânico e abandonem o local de trabalho, seja por adoecimento ou por justa indignação. Os governos e demais autoridades que não entenderem estas necessidades precisam ser afastados do cargo, porque isso é uma necessidade social que precisa estar acima dos calendários eleitorais e dos interesses partidários.

O povo trabalhador brasileiro vai passar por todas estas adversidades, mas passará com menores perdas se abandonar as propostas políticas que só interessam ao enriquecimento da minoria e adotar um projeto de soberania popular que assuma o controle sobre a organização do trabalho e a distribuição das riquezas produzidas.

Brasil, 25 de março de 2020.

UNIDADE COMUNISTA BRASILEIRA

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